Se me perguntassem, alguns anos atrás, diria: “Não gosto de críticas. Faço-as simplesmente por haver razões para tal. Como não criticar, se está tudo errado?”
Hoje, vejo que, na realidade, sinto um certo prazer em criticar. Dá prazer perceber as falhas e deficiências dos demais. Os sentimentos de rejeição, revolta, mágoa ou decepção provocam em mim a vontade de criticar. O egoísmo e o orgulho são os principais fatores que determinam as reações emocionais em mim. Quando a falha do outro interfere em meus interesses, surgem o medo e a revolta. Quando tal erro em nada me afeta, vêm o prazer e o menosprezo. Nesse caso a crítica que faço visa colocar-me numa posição de superioridade. Por isso mesmo sou tentado a críticas quando não existe a razão.
O 4º passo pode ser um instrumento básico, pois quando nos dispomos a utilizar o senso crítico voltado para nós mesmos descobrimos o quanto somos falsos.
Todo mau caráter é incapaz de uma crítica ponderada, honesta e objetiva. Assim, quem é incapaz de limpar a própria casa não está em condições de querer limpar a casa alheia.
Meu argumento era alegar que a pessoa criticada não mudaria de atitude por si só. Dizia: “Critico para que o outro perceba seus erros e modifique-se”. Porém, na maioria das vezes, visava era humilhar, punir, castigar, ou dar vazão à minha vontade pura e simples de criticar, de demonstrar superioridade.
O orgulho e a arrogância não me deixam perceber que, para mim, meus argumentos são sempre os certos. Certa vez, tendo me magoado muito com o modo de pensar de outra pessoa, refleti melhor e pensei: “Será que, no fundo, quero que todos venham me perguntar o que e como devem pensar e sentir? Estarei assim tão capacitado para julgar os outros?”
O egoísmo pode estar na tagarelice quando deixo de curtir a sós o erro do outro e passo a divulgá-lo. Ouço qualquer coisa sobre algum ato errado que alguém cometeu e, como papagaio, começo a comentar, não me interessando se é mentira ou verdade.
Anônimo
Importante: Para Neuróticos Anônimos, neurótica é qualquer pessoa cujas emoções interferem em seu comportamento, de qualquer forma e em qualquer grau, segundo ela mesma o reconheça.