Sempre fui uma pessoa que vivia reclamando da vida. Nada dava certo para mim; eu era a ruim, eu era a causadora de tudo, eu era a azarada.
Sempre foi isso, até meu casamento surgir. Fico imensamente agradecida à minha cunhada, porque me ajudou a descobrir que tinha problema.
Nunca e nem sabia ou sequer conhecia a palavra “neurose”. Ela me fez descobri-la, sendo uma psicóloga. Tivemos uma discussão e percebeu que o que acontecia comigo não era normal. Sempre vivi num estado nervoso constante.
Qualquer coisa me tirava do sério e já não conseguia mais segurar qualquer situação.
No dia 22/12/92, completava dois anos de casamento. Justo nesse dia fui parar numa sala de N/A, no mais fundo estado deprimente possível. Fui eu e mais três cunhadas. Chegamos atrasadas no meio da reunião. Fomos bem atendidas por um senhor simpático e gentil.
Particularmente não sabia ao certo o que estava acontecendo, por que estava naquela reunião. Sabia que ia me curar, mas, naquele momento, sentia medo, alivio, angustia; presente e ao mesmo tempo ausente. Parecia que dentro de mim todos os meus sentimentos estavam se revirando.
A sala era ampla, havia bastantes senhoras já com mais idade que eu. Senti, por ser mais nova, não conseguia me entrosar com aquelas pessoas. Porém elas se portaram como se já nos conhecêssemos há muito tempo. Todos do grupo me acolheram com tanto amor, afeto, delicadeza que não consigo mais me “livrar” deles e nem pretendo.
Foi numa sala de N/A que descobri realmente viver e gostar de viver, porque eu vivia sem amor e não gostava de nada que fazia.
Por isso, peço ao Poder Superior que, enquanto puder e tiver saúde, possa ir às reuniões de N/A.
A. D.
Importante: Para Neuróticos Anônimos, neurótica é qualquer pessoa cujas emoções interferem em seu comportamento, de qualquer forma e em qualquer gráu, segundo ela mesma o reconheça.